Alvin Toffler, aponta que a sociedade sofreu três principais
mudanças e chama a essas mudanças de “vagas”.
A primeira vaga, sociedade tradicional, assim lhe chamou,
destaca-se por ser uma sociedade mais rural e mais antiga em que as relações
sociais eram do tipo comunitário, a organização social era definida através de
grupos de parentesco, idade, sexo e local, onde a religião estava presente em
tudo, fazendo com que a sociedade fosse, na altura, estratificada. Ao nível político,
havia poderes desiguais e a autoridade era tradicional e carismática sendo que
a igreja católica tinha muito poder. Ao nível económico, o Homem vivia em
contacto direto com a natureza, pelo que vivia do que a terra lhe dava, era
comum a produção artesanal e a família era numerosa. Quanto às tecnologias,
estas eram arcaicas.
Na segunda vaga, numa sociedade moderna, há uma reviravolta
em que a cidade é ocupada, pelo que assistimos a uma sociedade mais rural e
recente. Ao nível social as relações já seriam mais individualistas, a
organização social regia-se por classes e estatuto de ocupação ou de grupos de
interesse, salientando-se aqui o surgimento da multiplicidade de papeis e a
igualdade de oportunidades. Ao nível político o Estado adota uma postura
soberana e implementa normas. No campo económico, destaca-se o método de
trabalho de produção em série, surgem os investimentos de capitais e há divisão
do trabalho criando assim novas necessidades e uma competição pela
rentabilidade. Quanto às tecnologias, dá-se o “boom” do avanço tecnológico o
que permitiu um exponencial crescimento da sociedade e consequentemente, do
mercado de trabalho.
Por fim, na terceira vaga, que é sem dúvida inovadora e é a fase
que mais se enquadra com a qual estamos a viver neste momento, é uma Era de conhecimento
e informação onde o avanço tecnológico permitiu que se criassem bens
intangíveis (software) ao contrário das vagas anteriores onde os bens eram
esgotáveis (petróleo, aço), por sua vez os recursos passaram também a ser
ilimitados, pois a maquinaria trouxe muita autonomia ao mercado de trabalho.
Passou-se a destacar o trabalho mental, pois é o que permite a criação e
inovação sendo que assistimos a uma evolução constante e crescente. Com isto,
os horários de trabalho das populações passaram a ser ininterruptos e possíveis
de se fazerem, muitos deles, em casa, noutro país ou noutra cidade e
consequentemente surgiu a oportunidade da criação de pequenas empresas. Outro
grande marco desta terceira vaga é a comunicação entre as pessoas que passou a
ser possível estarmos virtualmente presentes em qualquer parte do mundo sem
haver necessidade de nos deslocarmos até lá e em tempo real.
Tudo isto é importante para a criminologia porque, com a
evolução das sociedades, evolui também o crime e hoje existem formas de crime,
como por exemplo os crimes por meio informático, que não existiam no século
XIX.
E é importante falar-vos de um autor, Manuel Castells, que
nos veio dar a conhecer precisamente a nova estrutura social, a “sociedade em
rede” e nesta obra o autor defende que tudo está conectado e feito em tempo
real onde a matéria prima é a informação e as nossas atividades são modeladas
pelas novas tecnologias (ex. socializamos através das redes sociais), mas isso fica para um próximo post.
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